Quando você não consegue aceitar seu parceiro como ele é



 Quando você não consegue aceitar seu parceiro como ele é




Dizem por aí que o amor é um estado de leveza, que proporciona alegria, bem estar, colaborando para a melhoria da saúde emocional dos parceiros. O bem estar psicológico promovido pelos comportamentos afetivos favorece a manutenção da saúde física, ajuda no desenvolvimento social e profissional.



Porém, isto nem sempre acontece: em alguns casos, as relações afetivas se transformaram em "ringues", onde as trocas se transformaram em disputas, e a rivalidade entre os pares se faz presente em praticamente todos os momentos.



Em outros casos, há uma tendência em adaptar o parceiro (ou a parceira) ao seu modus vivenvi, ignorando sua singularidade.

Por exemplo: gostar da pessoa, mas exigir que não use certas roupas, ou desdenhar de seu corte de cabelo, pode ser interpretado como a não aceitação do outro. As adaptações exigidas podem ser consideradas tentativas de "enfiar o parceiro (ou a parceira) no leito de procusto"

O leito de procusto:
Na mitologia grega, Procusto era um ladrão que fazia suas vítimas deitarem em seu leito pequeno. Para que as pessoas coubessem em seu leito, cortava-lhe as pernas.





Tais tentativas de enlatar o outro, ocorrem por causa da intolerância ao que é diferente: é mais fácil mudar o outro que mudar a si mesmo.



Esta intolerância tem sua origem, em partes, nos meios de comunicação: algumas revistas ensinam a ter o corpo perfeito, levando-o, de forma inconsciente, a buscar um relacionamento com outro corpo perfeito. Ignora-se, neste caso, toda a subjetividade do outro.



Alguns livros de autoajuda, voltado para o público feminino, leva algumas mulheres a se mobilizarem na busca do homem ideal, fortalecendo a velha crença formada na infância, por meio dos contos de fadas: busca-se um príncipe, rejeita-se o sapo. Ora, será que ainda existem príncipes? Será que em algum momento existiram? Seriam espécies em extinção? 



Algumas novelas, filmes e seriados também colaboram para a construção e/ou manutenção do mito do "amor ideal", priorizando cenas que demonstram status, poder, beleza, sexualidade hiperativa, levando algumas pessoas a almejarem um romance em padrões parecidos.



Algumas músicas também ajudam a distorcer o objetivo dos relacionamentos, pois sugerem em suas letras comportamentos de apego exagerado e dependência afetiva, favorecendo e legitimando o surgimento de comportamentos de apego exagerado e/ou dominação. 



Outro ponto que merece destaque é a forma que os pares estabelecem contatos: o "bom dia, boa tarde, ou boa noite" via whatsapp é ótimo para demonstrar proximidade entre os pares, mas é péssimo quando se torna obrigação. Isto tem se transformado em motivo de desentendimento, pois quando um dos pares tem a tendência a dominar a relação, pode se sentir ultrajado quando seu "bom dia" não é respondido no mesmo momento.



O indivíduo com tendências dominadoras, possivelmente age desta forma por insegurança, uma vez que não consegue lidar com imprevisibilidade, faz com que tudo ocorra dentro de um padrão, gastando seu tempo em comportamentos de controle e levando a relação ao desgaste.




Deste modo, as relações afetivas vão se transformando em relações aflitivas, pesadas, carregadas de tensão, dor, sofrimento, chegando em alguns casos a se transformarem em relações patológicas de poder e dominação.


Sendo assim, é importante que  consiga manter o senso crítico, ampliando a compreensão sobre os possíveis motivos que te levam a emitir comportamentos de dominação, e os motivos que te levam a vivenciar uma relação de dominação.

É sempre útil questionar o que se ouve,  o que se vê, o que se lê. Evite comparar seu relacionamento com o de outras pessoas, pois cada um tem uma história de vida diferente, o que tonar os relacionamentos diferentes também.


Busque alternativas criativas para vivenciar relacionamentos felizes! Não se prenda a pequenos detalhes, busque vivenciar a relação intensamente, aceitando seu parceiro como ele é. Conviver com as diferenças nos ajuda a desenvolver a tolerância e a segurança.



Boa sorte! Sucesso no amor!










COSTA, Paulo José da. A loucura no leito de procusto. Psicol. estud.,  Maringá ,  v. 12, n. 3, p. 651-653, Dec.  2007 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722007000300023&lng=en&nrm=iso>. access on  06  Dec.  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722007000300023.