Como lidar com o rompimento de uma relação afetiva
Perder alguém que amamos é uma das piores dores que um indivíduo pode sentir. Neste tópico tratarei apenas dos vínculos afetivos que envolvem romances (namoros, noivados, casamentos).
É possível sobreviver ao término de um relacionamento, embora isto seja extremamente penoso nos primeiros dias. É preciso muita força de vontade para reconhecer que o jogo terminou e a necessidade de seguir adiante.
O primeiro passo é reconhecer que o relacionamento teve um fim, o que é bastante difícil pois é preciso considerar que a afetividade envolve as três dimensões do nosso ser:
- biológica (mecanismos cerebrais),
- psíquica (pensamentos e crenças)
- social (família e amigos).
Deste modo é preciso lidar com a ruptura de forma gradual, sem tentar esquecer de forma abrupta (tentativas de automutilação), ou usando mecanismos de esquiva (festas, baladas, viagens).
É necessário começar aos poucos o processo de desligamento apagando aos poucos as marcas do outro, começando pelas mais simples. Que tal jogar foras algumas cartinhas, bilhetes? Que tal dar ao (a) ex parceiro (a) tempo para que também reflita sobre os fatos? Desta forma, o cérebro irá se adaptando à nova situação.
Sair com amigos queridos é uma boa opção, mas iniciar outro romance na sequência é desaconselhável, pois o seu organismo precisa de tempo pra se recuperar da frustração.É como convalescer após uma doença. Infelizmente é necessário conviver com o vazio.
Todo rompimento envolve cinco fases:
Cinco Fases do luto afetivo:
Quando um rompimento afetivo (amoroso, ou mesmo de amizade) chega ao fim, pode-se considerar que há uma morte, que para ser elaborada deverá passar pelas 5 fases do luto, propostas por Kluber-Ross: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
1) Negação:
Fase marcada pela tendência a mascarar a ocorrência, com atitudes divergentes daquelas que são esperadas onde há uma ruptura, podendo ocorrer um comportamento dissimulado de pseudo-felicidade: “eu estou muito feliz por ter terminado o namoro”, “Agora quero mais é curtir a vida”. Nesta fase é comum que o individuo busque a companhia de outras pessoas para evitar o confronto com o sentimento de solidão.
Como neste trecho da música “Agonia” de Oswaldo Montenegro (1980)
Eu vou pensar que é festa
Vou dançar, cantar
é minha garantia
E vou contagiar diversos corações
com minha euforia
E a amargura e o tempo
vão deixar meu corpo,
minha alma vazia
2) Raiva:
A negação tem alguns limites que a realidade impõe, mas nem sempre as pessoas percebem, afinal vivemos em um contexto social que nos ensina a mascarar as tristezas e exibir nossa melhor face, sempre. Porém, como eu disse a realidade sempre impera (por mais que o conceito de realidade seja subjetivo), e a negação agora assume outra forma: passa a se expressar pela RAIVA, sentimento oriundo dos processos de frustração. Neste caso, a raiva é a negação do sentimento POSITIVO que alimentou a relação.
É comum que os indivíduos passem a emitir comportamentos que favoreçam a depreciação do outro: “ Não sei como pude amar a fulana, ela nem é bonita”, ou “ Como eu perdi tempo com a beltrana, ela nem era inteligente. Tudo o que ela sabe fui eu que ensinei. Duvido que sobreviva sem mim” ou “ela nunca vai arrumar alguém como eu, afinal não tem competência, nem beleza, nem nada”. A emissão destas falas depreciativas tem como meta primária agredir não o outro,... mas o sentimento que se nutre por ele.
Como diz Adriana Calcanhoto na música “Mentiras”:
Nada ficou no lugarEu quero quebrar essas xícarasEu vou enganar o diaboEu quero acordar sua família...Eu vou escrever no seu muroE violentar o seu gosto
Eu quero roubar no seu jogoEu já arranhei os seus discos...Que é pra ver se você volta,Que é pra ver se você vem,Que é pra ver se você olha,Pra mim...
3)Barganha:
O individuo tentou negar o próprio sentimento de inferioridade oriundo da ruptura; depois aceitou a ruptura, mas tentou negar os sentimentos que nutre pelo outro. Nada disso deu certo! O jeito é assumir que houve uma ruptura, porém a negação que ocorre aqui é no que concerne ao seu caráter definitivo, portanto entra em cena o comportamento de barganha ou trocas.
São comuns atitudes que visam atingir o outro de forma
(a) direta
- “Juro que se você voltar eu nunca mais brigarei com você”;
- “prometo que paro de me lamentar tanto”,
- "serei menos ciumento”, etc... ou
(b) indireta:
O indivíduo tende a se arrumar do jeito que o outro gosta, usar o perfume que ele aprecia, ler os mesmos livros que ele; ir aos mesmos lugares, etc.
Este modo indireto de barganhar é muito comum em pessoas pouco assertivas, que tem dificuldades de falar o sentem, então passam a barganhar por meio de comportamentos que o outro aprecia, alimentando a ilusão de que serão notados.
Como é expresso por Humberto Gessinger neste trecho da música “Piano Bar”:
Todos os dias eu venho ao mesmo lugar,
Às vezes fica longe, impossível de encontrar
Mas, quando o Bourbon é bom
Toda noite é noite de luar.
4) Depressão:
Conforme o tempo passa e o individuo vai percebendo que a barganha não está conseguindo mobilizar o outro, é chegado o momento em que a ficha cai: você realmente perdeu o outro! Nossa, como isso dói! Mas é FUNDAMENTAL sentir esta dor, pois é ela que vai te conduzir à maturidade emocional e consequentemente a dias melhores. Nesta fase há pouca coisa a ser feita para minimizar este sofrimento e as lágrimas são bem vindas.
5) Aceitação:
Nada do que foi tentado deu certo, e o que tinha que ser lamentado já foi! Agora é “bola pra frente”. É hora de aceitar o “game over” e começar uma nova partida, depois do merecido descanso. Nesta fase é comum que haja interesses por novas atividades, que excluam qualquer contato, com o ex., como diz Ivan Lins, na música “começar de novo”:
Começar de novo
e contar comigo
vai valer a pena
ter amanhecido
ter me rebelado
ter me debatido
ter me machucado
ter sobrevivido
Espero que este Artigo possa ter servido para ampliar a compreensão sobre as rupturas, mas devemos considerar que estas fases não são lineares, podendo ocorrer em conjunto, ou em outra ordem. Algumas pessoas talvez nem passem por todas elas, outras passam diversas vezes.
Se a dor estiver insuportável, procure ajuda de um psicólogo.
Referências:
KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. 8.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
RISO, Walter. Manual para não morrer de amor. São Paulo: Acadêmia, 2011.
Desde 2013, atuando exclusivamente ncomo psicóloga clínica em SP, tratando pacientes com Depressão, Ansiedade, fobias, crises de pânico, prevenção ao suicídio.
Assista os vídeos do canal de Psicologia no Youtube sobre relacionamentos, comportamento humano, Psicoterapia e Psicologia.
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