Os rituais de ano novo devem ser compreendidos como rituais de passagem, simbolizando o fim de um ciclo e começo de outro. As pessoas cultivam a esperança de que os novos tempos serão melhores, podendo colher os frutos dos anos anteriores e plantar novas sementes. Repetem o antigo bordão: "ano novo, vida nova".
Porém, basta que o ano novo comece para que os antigos problemas voltem a tona!
O trabalho estressante, continua estressante; o relacionamento desgastante está cada vez mais desgastado; as intrigas familiares continuam vivas.
Por que as coisas não mudam?
A resposta é óbvia: não adianta fazer os rituais se o indivíduo não estiver disposto a mudar, mas mudar de verdade. Sem a modificação de seus pensamentos, sentimentos e comportamentos nenhuma mudança ocorrerá!
Não basta virar o calendário e acreditar que tudo será diferente, sem que haja um firme propósito de colaborar para que as mudanças ocorram. É preciso aproveitar a virada para refletir sobre aquilo que não serve mais.
É preciso promover uma limpeza no armário das emoções:
- Quantas mágoas estão guardadas impedindo que novos relacionamentos frutifiquem
- Quantas decepções arquivadas na memórias impedem a tomada de decisões?
- Quantos sentimentos ruins ainda impedem que novas experiências se concretizem?
- Quanto amor foi estocado e está deteriorando, esperando a "ocasião ideal"?
Depois de limpar o armário das emoções, é preciso varrer os comportamentos inadequados e:
- Ouvir mais;
- compreender mais;
- julgar menos;
- confiar mais;
- falar o que está sentindo;
- aprender a pedir;
- aprendera doar;
- olhar no olho do outro;
- abraçar e beijar mais;
- fugir menos;
- ser mais assertivo;
- ser menos procastinador;
- dizer não quando necessário;
- etc.
As mudanças devem ocorrer de dentro para fora. No entanto para que sejam duradouras devem passar pelo crivo do autoconhecimento.
É a busca e compreensão dos motivos que levam o indivíduo a se comportar de forma específica diante dos acontecimentos, conhecer os defeitos e qualidades e assumi-los. Desta forma, é possível que o indivíduo passe a entender porque ama algumas coisas (e pessoas) e não outra.
O caminho que leva ao autoconhecimento não é o mais fácil, ao contrário, tende a ser uma via crucis dolorosa e espinhenta, pois conduz a nossas características mais falhas. Mas é justamente este caminho que nos levará a redenção emocional, pois o objetivo do autoconhecimento é a autocompreensão, ou seja é conhecer os motivos que nos levam a agir de determinada forma, quais os sentimentos que surgem quando tais comportamentos são emitidos.
Conhecer os sentimentos é fundamental para a compreensão de certas formas de agir: se sinto raiva quando tenho que (por exemplo) ir ao banco, devo me questionar "o que esta raiva está tentando me dizer?" Se sinto tristeza ao ouvir uma música (por exemplo), devo me perguntar: "qual a origem desta tristeza?"
A renovação é o passo seguinte.
Uma vez que o indivíduo aprendeu a discriminar os sentimentos, é hora de renovar o "armário emocional": como roupas que não servem mais, os sentimentos arcaicos devem ser ceder espaços a novos sentimentos e o "coração" deve estar aberto a novas emoções. Com a "nova coleção" de sentimentos pronta pra ser usadas, a expectativa é que novos comportamentos sejam emitidos.
Quando consideramos que são as consequências que mantém os comportamentos, é justo refletirmos sobre o que esperamos quando nos comportamos de determinadas formas.
Finalizando: aproveite o ano para mudar não apenas o calendário da parede, mas seus sentimentos, emoções e comportamentos.
Psicóloga SP - Psicoterapia Humanizada na Bela Vista
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